sexta-feira, 6 de maio de 2011

Dentro de Outubro

Caminho sem fim, caminhe pra mim
Dentro de um esperar profundo, de uma ansiedade sem rumo
Tenho a certeza...A certeza
Mesmo sem nascer, ja saber de ti
Saber da banda cortando o acaso
Do som sem clave de Sol
Do olhar perdido, buscando um brilho de luz, refletindo farol
Da brisa perfumada que carrega teu corpo, melodia de paixão
No desejo infinito és em vós, em nós, calor na palma da mão
Caminhe sem fim, caminhe pra mim
Dentro de um chegar de outubro
De petalas e primavera me cubro
Ja nascida em mim, ter a ti
Agora sem fim, dentro de mim...
pra sempre

Revelação

Sempre consegui bem deflagrar meus sentimentos, afogar meus desenganos e açoitar meus devaneios com um lápis na mão e um papel sobre a mesa, parecia-me que minha alma ganhava forma em grafos e fonemas, por vezes é bem verdade que lançaria mão de hieróglifos, talvez o inatingível, indecifrável, mas ainda sim reflexos de mim mesma.
É curioso como o pensamento nos leva a um mundo de criação, falo do pensar calculado, pautado, cauteloso, cuidadoso, atemporal, nele grandes revelações se cumprem, alivia as dores, do contrário, a corrida, o atropelo de idéias e a desordem massacram os milionésimos de dessemelhanças embutidos, encravados na gruta de cada ser pensante.
Talvez este texto que vos ilustre os olhos, seja um exemplo do indecifrável mencionado outrora, mas ainda sim deve conter um pouco de mim. Começo por revelar não pensamentos, mas sentimentos e emoções. Já conheço a larva que me queima e o águas que me alivia, sentir vai muito além do que possa revelar o maior órgão do nosso corpo inerte, não, não, o coração não representa o sentir, a pele sim. O coração palpita, acelera, pula rápido e forte apenas para que o corpo não esmoreça enquanto a pele padece de amor, e o amor?
Falemos do amor já que iniciaria mencionando sentimentos. Nasceu uma lua em qualquer dia desses da primavera, era brilhante e me piscava os olhos lânguidos da noite, naquele dia o sorriso me era largo, dentes brancos e lábios rosáceos, reflexo de espelho que guardo de mim mesma, os meus olhos que dizem de mar, maré, que pode ser de simples capim, erva, eles nem almejavam grandes vislumbres trazidos pela lua, os ouvidos, no entanto, já havia sido bem regados de cânticos de luz, êxtase... – mas por que teimas lua insolente? Porque me trazes imagens que caroçam-me a pele e perturbam meu pensar? Condenada estas a velar-me por todo o sempre.
Daqui, minha visão perde o sentido, o caminho me leva por onde não sou capaz de guiar-me, muletas são necessárias para o meu equilíbrio, as pernas por vezes capengam, a surdez me toma, flechas me atingem o corpo, e o caminho não me da idéia da fita rompendo em meu ventre, sem chegada, só a largada me é permitida...pooh, o tiro me atingiu, mas o ser segue seu caminho.
Seguir dando passos, essa é a regra, um a um, o retorno não nos é permitido, tão pouco almejado, palpita coração criado, para que essa pele não esmoreça, permaneça tesa, eriçada, duas peças, uma lâmina, um esfregaço, um favo de mel, que escorrega das entranhas dos caules e pernas que ilustram e movimentam aquele caminho...ah! caminhar é preciso e necessário, a união libera essências fatais a ela...não, não esmoreça, pele minha, sacuda coração alado, saia pelo doces beijos, digo lábios, ventila esse ar que me dá fôlego, me tira o chão, me dá o céu...flutuo.
O ser amado é tão único, tão peculiar, raro, encomenda do divino para cada vida que foi iluminada pelo atrevimento da lua insolente, tanto que traz outros sentimentos arraigados, acoplados, talvez maiores, talvez menores, nobres, plebeus, mas ainda sim, é sentir de quem ama, a proteção se dá por definição, minha, através do sufoco, do impossibilitar do seguir e pensar, mas pensar é transgredir, o indecifrável me toma novamente. Sou impura, medíocre, insana e apaixonada... Meu coração pula, pula, para que minha pele não esmoreça, tenho o visco, o lustro, o sentir por você.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vai entender

Vai entender

Quis falar, pelas letras, vozes canções
Quis tocar entre dedos, pele, sensações
Quis ouvir teu silencio, teus gritos, teus vulcões
Quis apenas ser, dentro, fora, apenas tua, tua
Mas você não quis
Vai entender! O calor do teu corpo eu senti
O brilho dos teus olhos eu vi
Nós dois num jogo de lençóis, lembrei
Mas você não quis
Não quis meu desequilíbrio, minha dor
Não quis o meu som, meu ruído de amor
Não quis minha entrega rara
O meu conter de olhos, nenhuma lágrima
Não quis toda insanidade que te dei
O meu ontem, o amanhã, o agora
Debaixo de uma tarde gris, me jogou fora
Mas eu te amei

Eu sou peixe

Você quer me saber, vou te contar
Você quer me beber, venha provar
Eu sou da água, sou branquial
Eu sou tranqüilo, nada normal
Mas você pode acreditar
Que eu tenho fogo, fogo do mar

Se você quer me ler, leia meus códigos
Quer me desafiar, tem seus mistérios
E se eu dormir, sonho completo
Quando eu sentir, a flor da pele
Se é por mim, fidelidade
Um elogio, eu sou vaidade

Mas você pode acreditar
Que eu tenho o fogo, fogo do mar

Se for pra assumir, eu me escapo
Não vou fugir, agora encaro
Sou sua mão, agarre com força
Se vou, se fico, duvida louca
Mudou de fase, pororoca
Rainha dos mares, sou uma orca

Eu sou peixe, mas sob as águas
Sei me guiar.
Eu sou peixe, mas sobre as águas
Eu sei voar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Saudade de mim

Saudade do que fui, do que posso ser e
Principalmente do que gostaria que fosse;
Saudade do riso frouxo, da conversa leve,
da preocupação nula, da cabeça fria;
Saudade do dia de prova, da queda na escola,
da bicicleta quebrada.
Saudade da roupa folgada,
do coração apertado de tanto amor eterno...que já se foi;
Saudade da caligrafia do diário, do ator amado e colecionado,
da rua, da noite, do dia;
Saudade do feijão de mãe, de tênis no pé, de sonhos quentes e vivos, saudade da fé de realizá-los;
Saudade do distante novo milênio, da idéia de fim de mundo e ...
do mundo sem fim;

Saudade de mim, saudade de mim!

Quando eu chegar lá

Ah! Quando eu chegar lá
Quão afável será para meus ouvidos
Barulho infinito em silêncio profundo
Olhos atentos
Faces críticas a me investigar

Ah! Quando eu chegar lá
Quão vermelho será meu céu
De árvores será meu chão
Minha casa, eu quero de campo
Ser quem nunca fui
Amar quem nunca amei

E ao fim
O reflexo no espelho
O som do bater de mãos
Lágrima a representar o choro
O mar a se quebrar em ondas

Ah! Eu estarei lá.

Pintar o sete

Sete cores a pintar
No florescer de olhos coloridos
Festa de arco-íris
Notas que cantam musicais
Traços em união da imagem
E se tem forma?
Beleza e som
E por nossas mãos
A vida se pincela
E vira Arte