quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vai entender

Vai entender

Quis falar, pelas letras, vozes canções
Quis tocar entre dedos, pele, sensações
Quis ouvir teu silencio, teus gritos, teus vulcões
Quis apenas ser, dentro, fora, apenas tua, tua
Mas você não quis
Vai entender! O calor do teu corpo eu senti
O brilho dos teus olhos eu vi
Nós dois num jogo de lençóis, lembrei
Mas você não quis
Não quis meu desequilíbrio, minha dor
Não quis o meu som, meu ruído de amor
Não quis minha entrega rara
O meu conter de olhos, nenhuma lágrima
Não quis toda insanidade que te dei
O meu ontem, o amanhã, o agora
Debaixo de uma tarde gris, me jogou fora
Mas eu te amei

Eu sou peixe

Você quer me saber, vou te contar
Você quer me beber, venha provar
Eu sou da água, sou branquial
Eu sou tranqüilo, nada normal
Mas você pode acreditar
Que eu tenho fogo, fogo do mar

Se você quer me ler, leia meus códigos
Quer me desafiar, tem seus mistérios
E se eu dormir, sonho completo
Quando eu sentir, a flor da pele
Se é por mim, fidelidade
Um elogio, eu sou vaidade

Mas você pode acreditar
Que eu tenho o fogo, fogo do mar

Se for pra assumir, eu me escapo
Não vou fugir, agora encaro
Sou sua mão, agarre com força
Se vou, se fico, duvida louca
Mudou de fase, pororoca
Rainha dos mares, sou uma orca

Eu sou peixe, mas sob as águas
Sei me guiar.
Eu sou peixe, mas sobre as águas
Eu sei voar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Saudade de mim

Saudade do que fui, do que posso ser e
Principalmente do que gostaria que fosse;
Saudade do riso frouxo, da conversa leve,
da preocupação nula, da cabeça fria;
Saudade do dia de prova, da queda na escola,
da bicicleta quebrada.
Saudade da roupa folgada,
do coração apertado de tanto amor eterno...que já se foi;
Saudade da caligrafia do diário, do ator amado e colecionado,
da rua, da noite, do dia;
Saudade do feijão de mãe, de tênis no pé, de sonhos quentes e vivos, saudade da fé de realizá-los;
Saudade do distante novo milênio, da idéia de fim de mundo e ...
do mundo sem fim;

Saudade de mim, saudade de mim!

Quando eu chegar lá

Ah! Quando eu chegar lá
Quão afável será para meus ouvidos
Barulho infinito em silêncio profundo
Olhos atentos
Faces críticas a me investigar

Ah! Quando eu chegar lá
Quão vermelho será meu céu
De árvores será meu chão
Minha casa, eu quero de campo
Ser quem nunca fui
Amar quem nunca amei

E ao fim
O reflexo no espelho
O som do bater de mãos
Lágrima a representar o choro
O mar a se quebrar em ondas

Ah! Eu estarei lá.

Pintar o sete

Sete cores a pintar
No florescer de olhos coloridos
Festa de arco-íris
Notas que cantam musicais
Traços em união da imagem
E se tem forma?
Beleza e som
E por nossas mãos
A vida se pincela
E vira Arte

Conflitos

Escolher ou ser escolhida
Pedra caindo do penhasco
Jogada?... Ou Caída?

Agradecer o conquistado
Ou aceitar o oferecido

Ser o que é
Se incomodar com o que foi
E remexer no que será

Aceitar o pão
Revirar o copo
Criar a arte
Mudar a vida

Você escolhe:
O alívio da sede saciada ou...
O virar de mentes por álcool atormentadas

Na fístula onde se poder ser
O que se é.

Ainda me espera?

Ainda me espera?
Na espera da hora gasta
Nos desejos e vontades castas
Ainda me espera?
No afagar do corpo quente
No cheiro que se sente
No lembrar somente seu
Ainda me espera?
De mesa posta
E encosta-se a mim
Suando-me a pele
Cabelos molhados, cheiro em flor
Ainda me espera?
Espera! Que eu te espero, amor!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Sem Chance

Era uma tarde escura do inverno de 1985, o céu cinzento trazia lembranças mórbidas de tudo que fora triste, por toda uma vida, sentada em uma poltrona coberta de tecido àspero, bordado de árvores mortas, apenas galhos, lado a lado, a madeira suava, chorava talvez, durante seu balanço surgiam gemidos, rangidos. Daquele ângulo o horizonte enquadrado, sem cores, gris. Me pus a pensar que já se passara 72 anos, e como foi rápido, abrupto, sem chance alguma. Pensei, lembrei que tive sonhos, que me vesti de vermelho, que minha face já tivera sido emoldurada por madeixas douradas e esvoaçantes, meus lábios já tivera sido quentes e molhados e meu corpo, Ah! Meu corpo, cálido, férvido, inquieto, ofegante, suntuoso...mas como passou rápido, abrupto, sem chance. Lembrei que já quis viver colorida, livre, solta, já quis enlouquecer, enriquecer, já quis amar homens, já quis amar mulheres, já saltei fogueiras e nelas também já me queimei, já quis chegar ao fim e ao começo, quis ser amada, abandonada, já fui Feliz...não, não fui feliz, quis sem nunca ter sido. Da janela agora vejo a noite se aproximando, com ela vem a pobreza das lembranças, e de novo o "nada fiz", o corpo mal respira, triste daquele que passa pela vida sem marcar sua história com o desejo almejado, triste da poltrona de tecido áspero que vive a gemer, já não balança, sua madeira não chora, perco o olhar, perco o som...já se passara 72 anos, e como foi rápido, abrupto...Nem tive Chace!

Relaxei

Tudo frio, cama vazia
Ter você eu queria
Multiplicado em mil bocas
Gosto de desejo, vermelho
Palpita ao ritmo ofegante
Movimenta o cheiro, inebriante
Quero você multiplicado em mil
Olhos que despem
Entrega líquida e quente
Escorre mil vezes em mim
Minha vontade sugada
A sua aspirada
Espirais e sons, sussurros
Dedos que sentem
Corpos que tremem
Atravessei minha ponte
Cheguei ao meu destino
Relaxei